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SERRITA - A Capital do Vaqueiro Projeto minha cidade em cordel
Escritor e cordelista Ivaldo Batista
Publicado em 01/08/2025 11:09 • Atualizado 01/08/2025 11:10
Coluna do Cordel

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Serrita minha cidade 

Tão querida no sertão

És estrela em Pernambuco 

Um pedaço deste chão 

É a missa do vaqueiro 

 

Sua maior tradição

Seu histórico tá na mão

No centro uma capelinha 

O povo ali na praça 

Escuta Rádio Serrinha 

Pequena e acolhedora 

É esta minha terrinha

 

Sua história não é só minha 

E agora passo a contar 

Miguel Torquato Bulhões 

Instalou-se no lugar 

Em Traíras, um Riacho 

Começou a povoar

 

Veio lá do Ceará

Em Pernambuco entrou 

Novas terras pra plantar

 Aqui ele encontrou

E também muito rebanho 

Por aqui também criou

 

E depois aqui chegou 

Coronel Romão Pereira

 Serrinha está se tornando 

Uma terra hospitaleira 

Era só um povoado

Mas seu povo é de primeira

 

Uma cidade altaneira 

Começou com um povoado 

Era apenas um distrito 

De Salgueiro nesse estado 

E depois com muita luta 

O ideal foi conquistado

 

Finalmente emancipado 

Ficou com o mesmo nome 

Em seguida foi extinto 

Por decreto lá do homem 

O território é de Salgueiro 

E o município some

 

Parece que é lobisomem 

Um decreto afinal

Em junho de trinta e quatro 

Pela lei estadual

Serrinha é município 

Boto aqui ponto final

 

Era Guerra mundial

O ano é quarenta e três 

De dezembro em trinta e um 

Que se troca de uma vez 

Serrinha agora é Serrita 

Sua história assim se fez 

 

Todo ano neste mês 

De julho se comemora 

A luta pela justiça

E o povo tem na memória 

O crime lá ocorrido

 Maculando sua história

 

O sertão todinho chora 

Pela morte do vaqueiro 

Era Raimundo Jacó 

Cabra bom e companheiro 

Primo de Luiz Gonzaga 

Que é o maior sanfoneiro

 

Num sertão de Cangaceiro 

Matuto também protesta 

Violência e impunidade 

Todo mundo aqui detesta 

Nesse evento cultural

O povo também contesta

 

Nós lembramos nesta festa 

Um dia a indignação 

Perdemos o melhor vaqueiro 

De toda essa região

E a justiça é tão cega 

Que nem teve punição

 

Em julho é ocasião 

Temos que comemorar 

Valente é este povo

Que consegue transformar 

Na cultura eles são fortes 

Conseguiu canalizar

 

Conseguiram se expressar 

Vaqueiro é notoriedade 

Na caatinga fauna e flora 

Em sua diversidade 

Sertanejo mostra ao mundo 

Sua real identidade 

 

 

Com grande capacidade 

Serritense dá no couro 

Através do artesanato 

Encontraram um tesouro 

Descobriram em sua arte 

Como se encontra o ouro

 

Hoje quem cuida do touro 

Do cavalo do alazão 

Teve já reconhecido 

Que vaqueiro é profissão 

Um sonho acalentado 

Por padre vaqueiro João

 

É com grande emoção 

Que padre Câncio agora 

Tá feliz no paraíso 

Junto com nossa senhora

Fala com Luiz Gonzaga 

Agora a coisa melhora

 

Vamos gente tá na hora 

Para o parque nacional 

Do vaqueiro hoje brilha 

Como que num festival

Esse evento é conhecido 

A nível internacional

 

O que tem lá afinal 

Tem aboio e vaquejada

Tem os pegas, tem a missa 

Uma festa organizada 

Esta herança para o povo 

Pelo padre foi deixada

 

No sertão pelas quebradas

O evento acontece 

Sertanejo de novenas 

De missa e de quermesse 

Esse evento é grandioso 

Vaqueiro bem que merece

 

Aqui eu faço uma prece 

Num cavalo estou montado 

O sertão central é rico Patrimônio do Estado

O Brasil já reconhece 

Pernambuco capacitado

 

Eu vi lá noticiado 

No folder da fundação

Padre João Câncio divulga 

Como é belo o sertão 

Terra de gente aguerrida 

Dos cabras de lampião

 

De lá vem a projeção 

É a missa do vaqueiro 

Riqueza pro sertanejo 

Alegria o ano inteiro 

Serritense está contente

Por que lá chove dinheiro

 

Quem me dera ser coiteiro 

Eu iria abrigar

A cultura de Serrita 

Aprendi a cavalgar 

A caatinga é oficina 

Logo iria me formar

 

Violeiro a tocar 

Embolada é festança 

Visite também Serrita 

Entre logo nesta dança 

Veja que o sertanejo 

De lutar nunca se cansa

 

Às vezes até balança 

Ao ouvir o violeiro 

Fim de tarde anoitece

Com o aboio do vaqueiro 

Apaga a luz deita na rede 

Acabou se o candeeiro

 

Vem meu povo brasileiro 

Visitar esse sertão

Vem brincar logo o xaxado 

O forró e o baião 

Embrenhar na intimidade 

No mundo do artesão

 

Confeccionar Gibão

Venha aqui prestigiar 

Os encantos dessa gente

Que transforma esse lugar

A chuva falta no solo 

Mas vamos te cativar

 

Eu posso testemunhar 

Que raízes do sertão 

Joquinha e Alcimar 

Não perdem a ocasião

Muitos grupos de xaxado 

E os cabras de Lampião

 

Os amantes do sertão 

Todo ano veem pra cá 

Os vaqueiros reunidos 

Tudo em um só lugar 

Vaquejada e aboios

E os pegas não vão faltar

 

Pra você tem um lugar

Serrita tem muito chão 

E se a terra inda for pouca 

Tem lugar no coração 

Pra você que admira

Os encantos do sertão

 

Faço agora alusão 

A figura do vaqueiro

Encourados da caatinga

Valente o tempo inteiro 

Com a sua indumentária

Conquistou o brasileiro

 

Até lá no estrangeiro 

O figurino é elogiado 

Vara laço e gibão

E a luva que tem usado 

Guarda peito e perneira

E a botina que tem calçado

 

Sol a sol tem trabalhado 

Cabeça chapéu de couro 

Protegido dos espinhos 

Correndo segura o touro 

Cabra valente e ligeiro 

No sertão é um tesouro

 

Serrita te rende os louros

Vaqueiro é qualidade 

Profissão que se confere 

A quem tem dignidade 

Tu és marca registrada

És razão dessa cidade.

 

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