MARINÊS - Rainha do xaxado
02/05/2019 23:36 em Coluna do Cordel

Autor: Ivaldo Batista

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Vou falar de uma cantora

Tão bonita e competente

Natural de Pernambuco

Da cidade São Vicente

Férrer, fica no planalto 

Borborema bem no alto

Cresceu pra alegrar a gente.

 

A sua história não mente

Seu canto foi magistral

Sem igual foi Marinês

No cantar profissional

Nesses versos registrei

A você revelarei

No cordel oficial.

 

Dona de um lindo vocal

Nosso povo assim diz

Quando Marinês cantava 

Deixava a gente feliz

Era uma miss da beleza

Cantando era alteza

Parecia até atriz.

 

Do Nordeste é flor de lis

Nossa eterna cangaceira

O seu nome era Inês 

Caetano de Oliveira

Mulher bela de expressão

Reconhece a nação

Essa grande brasileira.

 

Que já cantou em Pedreira

Precisou buscar seu mel

Enfrentou o maribondo

Sua picada cruel

Ela é povo nordestino

Que recriou seu destino

Reinventou seu papel.

 

Filha de Seu Manoel

Caetano de Oliveira

A mãe Josefa Maria

De Oliveira e nessa esteira

Teve irmãos pra dedel

Declino aqui no cordel

Pensando em casa na feira.

 

Marinês toda faceira

Marinalva, o Brasil viu

Maria Lúcia e Solange

Ademar, Susuanil

Luiz Carlos e Lourival

Ivania de bom astral

Pelas terras de Biliu 

 

E Deus assim esculpiu 

Fez nascer em dezesseis (16)

Novembro de trinta e cinco (1935)

Eu garanto à vocês

Essa mulher tão valente

Do tempo esteve à frente

Muito sucesso ela fez.

 

Fenômeno que talvez

Em sua origem esteja

A sua mãe foi cantora

Cantava numa igreja

O pai dela um seresteiro

Ela aprendeu ligeiro

E seguiu sua peleja.

 

O Brasil que ela almeja

Parou quando ela cantou

Com sua indumentária

Muito bem se apresentou

Cantou baião e forró

No xaxado foi o Ó

E todo mundo adorou.

 

Aos dez anos começou

Sua brilhante carreira

Pelos programas de Rádios

Ouvimos essa guerreira

Em Programas de calouros

Isso lhe rendeu os louros

Começou dessa maneira.

 

Linda nova e matreira

14 anos de idade

Casou se com Abdias

Seu produtor na verdade

Viveram por muito tempo

Esse casal era exemplo

De amor e felicidade

 

Nesse clima de amizade

Cumplicidade se cria

No ano quarenta e nove (1949)

“O CASAL DA ALEGRIA”

Mas já no ano Cinquenta (1950)

O grupo se reinventa

Um trio se formaria.

 

Assim continuaria

Cumprindo nova missão

Fazendo as aberturas

Pra os Shows de Gonzagão

O toque deu muito roque

Foi a “Patrulha do choque”

Do nosso Rei do Baião. 

 

Fazendo apresentação

Teve seu valor devido

Era nossa Marinês

E Abdias seu marido

E o zabumbeiro Cacau

A banda ficou no grau

Queria eu ter ouvido.

 

Pelo Nordeste aguerrido

A banda se apresentou

Andou por tantas cidades

Dançou e também cantou

Mas foi lá em Propriá

Sergipe foi o lugar

Que seu destino mudou.

 

O prefeito apresentou

Marinês a Gonzagão

Sua carreira cresceu

Ganhou grande dimensão

Gonzaga foi lhe ensinar

Ela aprendeu a xaxar

Com nosso Rei do Baião. 

 

Depois desse encontro então

A carreira decolou

Tantas vezes com Gonzaga

Marinês se apresentou

Pra ela foi grande achado

Ser “Rainha do Xaxado”

Gonzaga lhe batizou.

 

Tantos troféus conquistou

Como “Euterpe” no Rio

Logo no ano seguinte

Venceu outro desafio

De cantora regional

Teatro municipal

Marinês tem o seu brio.

 

O Brasil todo assistiu

A danada foi bagagem

Premiada recebeu

Prêmio de melhor vendagem

Marinês imponderada

Fêmea forte indomada

Mulher de fibra e coragem.

 

No Sudeste de passagem

Ela muito pelejou

Encarou com resistência

O preconceito enfrentou

Foi nordestina e mulher

Tocou e cantou de pé

Venceu tudo e triunfou.

 

De filme participou

Com muito entrosamento

Mesmo sem fazer teatro

Revelou todo talento

Encarando numa boa

Fez “O rico rir à toa”

Com muito conhecimento.

 

Lembro de cada momento

Tudo que a cantora fez

Lembro seu primeiro disco

Gravado em Cinquenta e seis (1956)

No grupo ela à frente

“Marinês e sua gente”

Chegou em fim sua vez.

 

Foi aí que Marinês

Agora se encontrou

A danada finalmente

No mundo se consagrou

Sua canção ritmada

Marinês  foi tão amada

Seu reino muito durou.

 

Essa gente que a amou

Ficou muito abalada

Quando em cinco de maio

Uma notícia foi dada

Marinês teve AVC

Isso deixou, vou dizer

Tanta gente preocupada.

 

Ela ficou internada

Para se recuperar

No hospital em Recife

No Português foi parar

Viva de lá não saiu

Pra o outro mundo partiu

No céu foi se apresentar.

 

Tão difícil não chorar

Por nossa cantora amada

Com setenta e um anos 

Foi para outra morada

Conforme o desejo seu

Campina Grande acolheu

E lá está enterrada.

 

A morte anunciada

A essa vida ceifou

Dela ninguém se esquiva

Nem a Marinês poupou

Ao saber quase desmaio

Era 14 de maio

Dois mil e sete chorou.

 

Marcos Farias herdou

É filho e sabe falar

Memória de Marinês

Pode e vai perpetuar

Entre admiradores

Cantores ou produtores

Que vivem a recordar.

 

Com ela pode cantar

Sulistas e nordestinos

Lulu Santos e Gal Costa

Bem como outros meninos

O Zé e Elba Ramalho

Genival tem seu trabalho

Já cruzaram seus destinos.

 

Tantos cantores granfinos

Tiveram canções gravadas

E por Marinês famosa

Vidas influenciadas

Canções em todo Brasil

Diz aí Gilberto Gil

As tantas vidas marcadas.

 

Tantas músicas lançadas

Disco vinil mais de trinta

Pode contar que eu deixo

Se eu errei me desminta

Que mulher fenomenal

Marinês foi genial

Contando me faltou tinta.

 

Ao cantar pense e sinta

Lembre o “PÉ DE JATOBÁ”

Cante o “BOTÃO DE ROSA”

E “SIRIRI SIRIRÁ”

“BALANCEIRO DA USINA”

“INGRATIDÃO” e “CORINA”

“BANANEIRA MANGARÁ”.

 

“É NO BALANÇO DO MAR”

E também “EU SOU ASSIM”

“SÓ GOSTO DE TUDO GRANDE”

Ela cantou “EU VI SIM”

Cantou “QUADRILHA É BOM”

Ela tinha todo dom

Parece não tinha fim.

 

Cantou “EU SOU ESTOPIM”

E “É TEMPO DE VOLTAR”

“TUDO É BOM E NADA PRESTA”

“DISPARADA” “EU CHEGO LÁ”

“É AMOR E É SAUDADE”

“DESABAFO” é verdade

“MEU CARIRI” vi cantar.

 

Até “E TARÁ RA RÁ”

Que bom é “CARNE DE SOL”

A “CASA DE MARIBONDO”

“O TEMPERO DO FORRÓ”

Ouvi tanto zum zum zum

Cantando “MULHER DE UM”

E Tibau de “MOSSORÓ”.

 

Marinês com seu gogó

Que voz bonita da peste

E seu modo de cantar

Combinando a sua veste

Eu quero ver quem aguenta

Comer “PEBA NA PIMENTA”

Só João do Vale Nordeste.

 

Marinês lá no Sudeste

Cantou do Nordeste o som

Gravou com a CBS

COPACABANA e SOMZOOM

BMG, POLYGRAM

RCA bam bam bam

SINTER, EMI ODEON.

 

O povo achou tão bom

Ver cada apresentação

Marinês “baião de saia”

Lembrava só Gonzagão

Cantando o povo se agita

Marinês era bonita

Qual Deia de Lampião.

 

Desde a primeira canção

Que foi “MANÉ E ZABÉ”

Junto com Luiz Gonzaga

Marinês ficou de pé

Pra cantar pelo Brasil

E todo mundo aplaudiu

Exceto alguns da fé.

 

Ainda hoje ela é

Pela nação bem lembrada

Suas canções ninam sonhos

Embala a mulherada

O seu canto de raiz

Fez esse Brasil feliz

Até hoje é escutada.

 

Ai que saudade danada

De ouvir “PISA NA FULÔ”

“QUEM AVISA AMIGO É”

Eu dou extremo valor

Continua a ser sucesso

Pra você hoje confesso

Sou um admirador.

 

O seu cantar tem sabor

Das coisas do nosso chão

Ela mostrou pra o mundo

Como é ser do sertão

Com uma voz poderosa

Nossa Marinês saudosa

É fruto do meu torrão.

 

Marines grande expressão

Neste folheto foi lema

Vivendo em Campina Grande

Rainha da Borborema

Majestade do xaxado

Me sinto abençoado

Minha rainha suprema.

 

Pra trabalhar esse tema

Fiz consulta ao povão

Disseram que és encantada

Causou me admiração

Tu encantaste o Brasil

O povo que te aplaudiu

Viu tua consagração.

 

Viva a minha região

Pelo fruto cultivado

Por meio de Marinês

Imperatriz do xaxado

Somos motor da cultura

O canto dela é docura

Desse Nordeste arretado.

 

A você muito obrigado

Meu prazer foi sem igual

Falar dessa lenda viva

Grande expressão musical

Pra Rainha do xaxado

Me sento lisonjeado

Por receber esse aval.

 

Somando os versos total

Trezentos e trinta e seis

Se gostaram do folheto

Peço a todos vocês

Pra mim uma curtidinha

Muitas Palmas pra rainha

Aplausos pra Marinês.

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